quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Ilusão ou Desilusão

Uma coisa é certa, só existe desilusão quando nos iludimos com alguém ou alguma coisa. Quando achamos que ao darmos de nós vamos ter alguma coisa igual em retorno, estamos a enganar-nos. Não só porque a Vida nos faz mudar constantemente, como os níveis de dar são diferentes para uns e outros. Logo, o que eu hoje consigo dar, posso não conseguir dar amanhã, OU, o que o outro nos deu hoje, amanhã pode não conseguir dar de igual modo. Restas-nos mesmo não criar ilusões. Conhecer bem as pessoas a quem damos.

Uns dirão que as pessoas no seu âmago são boas ou más. Talvez. Não sei dizer, acho que não conheço pessoas más. As com quem me cruzei deixei-as seguir caminho (longe do meu de preferência).  E as (boas) pessoas que eu conheço, têm todas as suas vicissitudes e mudanças no Tempo que as vão moldando. E assim acontece comigo também. Assim acontece com toda a gente, a uns mais a outros menos. Outros ainda mudam devagar e há ainda alguns que mudam conscientemente rápido, não quer dizer que nas atitudes inconscientes não tornem a ser o que eram.

Assim foi acontecendo comigo, que só de mim posso falar com "toda" a certeza, se é que alguma vez a tenho. As coisas mudam tão rápido, tão mais rápido que as pessoas! Sei lá eu o que vai acontecer "amanhã"!? Enfim.

Todos nos iludimos um dia com alguém, ou com todos. Quando o sangue nos corre nas guelras e falamos tudo sem pensar e sentimos as coisas no expoente máximo da emoção e a vida é uma festa! Ahh, a juventude! Essa devassa que nos tenta perseguir por uma vida e nos faz cometer as maiores loucuras, aventuras e erros da nossa Vida..inteira. Essa coisa da juventude, que não queremos largar por nada, mantê-la presente, como se fosse a única coisa que nos separa da morte certa, da fase adulta. Eu deixei ir parte dessa juventude quando me apercebi o quão fantástico é ser-se adulto, ter responsabilidade (mas não muita), ter consciência dos meus actos e dos actos dos outros contra e a favor de mim. Foi aí que me apercebi que estava muito iludida. Havia demasiada desilusão a acontecer. Ilusões que eu criara em torno desta ou de outra criatura que eu conhecia. Ilusões que quando se quebraram, quebrou-se o elo com essas pessoas. E foram esses maus momentos, que me ensinaram a estar atenta aos outros de outra forma, a perceber quem era uma ilusão ou que ilusões eu tinha. Vê-los realmente como são. E então escolher: partilhar o caminho com essas pessoas, aceitando as qualidades e defeitos delas, mesmo sabendo que alguns desses defeitos se poderiam virar-se contra mim! Ou deixa-las percorrer o seu caminho, outro caminho que não o mesmo que partilhámos até ao momento.

A desilusão faz doer. A não-ilusão faz-te seguir o caminho. Perceber que todos estamos realmente sozinhos, porque os outros só estão connosco por um período limitado. E raramente esse tempo que passamos pelas vidas uns dos outros equivale à vida inteira do outro. A maior parte das vezes são períodos curtos, encontros flash que nos mostram algo de novo ou diferente, em 1 semana ou 1 mês e ficam na memória para a vida inteira; há os que passam por fases: amigos de infância, que são os nossos irmãos emprestados, mas que a determinada altura a Vida nos leva para caminhos diferentes. Há os que passam o tempo de escola connosco, todos os dias juntos e de repente ....."Quem? O Tal-e-coiso? Nuuuuunca mais o vi!"

E depois... há os (muito) poucos que conseguem atravessar essas fases todas e chegar ao tempo Adulto. E sobre esses..... só é pena quando se quebra o elo que nos unia.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Tesouro.

Tenho 37 anos. E já conto com alguns amores e desamores no lombo.

Não posso dizer que sou uma expert em relações, mas consegui aprender com as que tive.

Acabo de aprender recentemente isso mesmo, que valeu a pena passar por todas as desilusões e lágrimas. Todas elas me tornaram mais forte. Mas não fechada.

Houve alturas em que acreditei que estaria fechada sim, sem capacidade de me entregar a mais ninguém, tantas foram as "pancadas" que apanhei de seguida. Cheguei a concluir que esta coisa de Amor não era para mim..

Mais uma vez (esta última) a vida mostrou-me o contrário.

Afinal eu tinha direito a ser feliz e podia abrir o coração ao Amor.
E foi maravilhoso... por dois meses.

E de novo apareceram os mesmos sintomas de sempre. Eu cheia de Amor para dar e alguém que não sabia dar ou receber Amor...

Então todos os ensinamentos e provações que a Vida me tinha trazido no passado fizeram sentido.

Eu sou toda Amor. Amor esse que quero oferecer. Eu sou um tesouro com algo tão precioso que tem de ser conquistado e não desperdiçado. Não posso pretender ensinar alguém a amar, ou a aceitar o meu amor.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Esquecida.

Cresci com o medo de ficar sozinha. Vivi com esse medo durante muito tempo. Ele fez com que eu me moldasse com uma necessidade constante de agradar os outros, de não desiludir. Esqueci-me da minha vontade, ou nunca a tive.
Esqueci-me de mim.
Foi assim que cresci, a suprimir a minha vontade em prol dos outros.. da minha mãe e da sua sanidade, tranquilidade.
Esqueci-me de mim.
Torno vezes sem fim a esse esquema, da filha que não pode desapontar, a mulher que não pode desiludir.
Esqueci-me de mim.
O medo permanece. O de ficar sozinha. Mas a ironia das ironias foi ter vindo a afastar-me daqueles que sempre lá estariam. A família. Dei tudo aos amigos. Cresci para eles. Entreguei a minha vida aos outros.
Esqueci-me de mim.
Tanto dei que atingi um ponto de não poder dar mais, mas todos contam comigo para lá estar. Todos esperam de mim aquilo que sempre fiz, o extraordinário. E quando eu já não estou a conseguir dar tudo, acusam-me de pensar em mim. 
E eu que me tinha esquecido de mim...