sexta-feira, 15 de julho de 2016

Esquecida.

Cresci com o medo de ficar sozinha. Vivi com esse medo durante muito tempo. Ele fez com que eu me moldasse com uma necessidade constante de agradar os outros, de não desiludir. Esqueci-me da minha vontade, ou nunca a tive.
Esqueci-me de mim.
Foi assim que cresci, a suprimir a minha vontade em prol dos outros.. da minha mãe e da sua sanidade, tranquilidade.
Esqueci-me de mim.
Torno vezes sem fim a esse esquema, da filha que não pode desapontar, a mulher que não pode desiludir.
Esqueci-me de mim.
O medo permanece. O de ficar sozinha. Mas a ironia das ironias foi ter vindo a afastar-me daqueles que sempre lá estariam. A família. Dei tudo aos amigos. Cresci para eles. Entreguei a minha vida aos outros.
Esqueci-me de mim.
Tanto dei que atingi um ponto de não poder dar mais, mas todos contam comigo para lá estar. Todos esperam de mim aquilo que sempre fiz, o extraordinário. E quando eu já não estou a conseguir dar tudo, acusam-me de pensar em mim. 
E eu que me tinha esquecido de mim...